quinta-feira, 23 de abril de 2009

Testes e questionários da obra

Aqui estão algumas propostas de realização de testes ou de questionários:

Texto dramático


Características do texto dramático:
- O autor textual encontra-se oculto excepto nas didascálias;
- As personagens comunicam entre si e com o receptor do texto;
- Pretende-se representar a totalidade da vida através do confronto dramático;
- A dinâmica textual é provocada pelo conflito e o espaço e o tempo são relativamente condensados;
- As personagens supérfluas desaparecem, tal como os episódios secundários;
- As situações vividas pelas personagens conduzem a uma caracterização psicológica, sociocultural e ética ou ideológica;
- O espectador tem uma intervenção activa (o texto é feito para ser representado);
- O texto apresenta-se como presente;
- Existem dramas de acção, de personagem e de espaço.

Estrutura do modo dramático:
Exposição - apresentação das personagens e referência àquilo que constituirá o conflito;
Conflito – exposição gradual até atingir o clímax (momento de maior tensão dramática);
Desenlace – desfecho, final do conflito.

O drama romântico
Características que fazem de Frei Luís de Sousa um drama romântico:
- Peça escrita em prosa;
- Obra como expressão de um determinado estado social;
- À acção da peça está subjacente uma situação real;
- O ser humano como alvo de uma atenção analítica;
- Exaltação dos valores patrióticos e religiosos;
- O realismo psicológico que caracteriza os sentimentos de Telmo, dividido entre o amor por D. João e por Maria de Noronha;
- A projecção da experiência pessoal do autor, que possuía uma filha ilegítima, filha de Adelaide Pastor Deville, por quem se apaixonara, quando ainda casado com Luísa Midosi;
- A morte de Maria em palco.

- A obra Frei Luís de Sousa é considerada um drama analítico, pois apresenta uma estrutura que cumpre o esquema Informação – Acção – Desenlace, correspondendo o primeiro momento a um tempo passado, anterior ao da acção representada em palco; por outro lado, os acontecimentos a que se assiste são desencadeados por acções anteriores àquelas que são representadas.


mais informação:

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Personagens


Classificação de personagens:


Relevo/desempenho
- Personagem principal (impulsiona directamente o avanço da acção)
- Personagens secundárias
- Figurantes (não participam na acção mas estão directamente relacionados com o espaço social) (Doroteia, Prior de Benfica, Miranda, Arcebispo)

Formação da personagem
- Personagem modelada (a que se aproxima do modelo humano)
- Personagem plana (tem características que obedecem a um padrão)
- Personagem tipo (representativo de uma classe social)

Todos os figurantes no Frei Luís de Sousa são tipo.

No texto dramático predomina a caracterização indirecta (com base na actuação)

Manuel de Sousa Coutinho (personagem principal e plana)
- Nobre, cavaleiro de Malta
- Construído segundo os parâmetros do ideal da época clássica
- Racional
- Bom marido e pai terno
- Corajoso, audaz, decidido, patriota, nacionalista
- Valores: pátria, família e honra
- Excepções ao equilíbrio (momentos em que Manuel foge ao modelo clássico e tende para o romântico): cena do lenço de sangue/espectáculo excessivo do incêndio

D. João de Portugal (personagem principal, plana e central)
- Nobre (família dos Vimiosos)
- Cavaleiro
- Ama a pátria e o seu rei
- Imagem da pátria cativa
- Ligado à lenda de D. Sebastião
- Nunca assume a sua identidade
- Exemplo de paradoxo/contradição: personagem ausente mas que, no desenrolar da acção, está sempre presente.

Telmo Pais (personagem secundária)
- Escudeiro e aio de Maria
- Tem dois amos: D. João e Maria
- Confidente de D. Madalena
- Chama viva do passado (alimenta os terrores de D. Madalena)
- Provoca a confidência das três personagens principais
- Considerado personagem modelada num momento: durante anos, Telmo rezou para que D. João regressasse mas quando este voltou quase que desejou que se fosse embora.

Frei Jorge Coutinho (personagem secundária e plana)
- Irmão de Manuel de Sousa
- Ordem dos Dominicanos
- Amigo da família
- Confidente nas horas de angústia
- É quem presencia as fraquezas de Manuel de Sousa

D. Madalena de Vilhena (personagem principal e plana)
- Nobre e culta
- Sentimental
- Complexo de culpa (nunca gostou de D. João, mas sim de D. Manuel)
- Torturada pelo remorso do passado
- Ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro
- Apaixonada, supersticiosa, pessimista, romântica (em termos de época), sensível, frágil

Maria de Noronha (personagem principal e plana)
- Nobre: sangue dos Vilhenas e dos Sousas
- Precocemente desenvolvida, física e psicologicamente
- Doente de tuberculose
- Poderosa intuição e dotada do dom da profecia
- Encarnação da Menina e Moça de Bernardim Ribeiro
- Modelo da mulher romântica: a mulher-anjo
- A única vítima inocente


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Tempo

- Informações temporais dadas através das falas das personagens
- Período vasto de tempo (21 anos) mas a acção representada tem apenas uma semana
- Madalena casa com D. João de Portugal (1578)
- Batalha de Alcácer Quibir (1578)
- Madalena casa com Manuel de Sousa Coutinho (1585)
- D. João de Portugal regressa (1599)
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Espaço

Acto 1: Palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada.
Câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos princípios do século XII. É, pois, um espaço sem grades, amplamente aberto para o exterior, onde as personagens ainda desfrutam a liberdade de se movimentarem guiadas pela sua vontade própria. Através das grandes janelas rasgadas domina-se uma paisagem vasta. É o fim da tarde.
Acto 2: Palácio que fora de D. João de Portugal, em Almada, que fica a pertencer a D. Madalena.
Salão antigo de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de família, muitos de corpo inteiro; estão em lugar de destaque o de el-rei D. Sebastião, o de Camões e o de D. João de Portugal. Portas do lado direito para o exterior, do esquerdo para o interior, cobertas de reposteiros com as armas dos Condes de Vimioso. Deixa de haver janelas e as portas, ainda no plural, são já mais destinadas a cercar as personagens que a deixá-las escapar.
Acto 3: Parte baixa do Palácio de D. João de Portugal, comunicando pela porta à esquerda do espectador, com a capela da Senhora da Piedade na Igreja de S. Paulo dos Domínios de Almada: é um casarão sem ornato algum. Arrumadas às paredes, em diversos pontos, escadas, tocheiras, cruzes e outros objectos próprios para uso religioso. É alta noite.
Qual é o tratamento dado ao espaço no Frei Luís de Sousa? Progressão em termos negativos. Há um afunilamento quer a nível de luz, decoração ou amplitude. Ou seja, vai evoluindo no sentido da acção, vão surgindo acontecimentos que afectam a vida normal familiar e que termina com a morte de Maria. A acção caminha no sentido da destruição, a par do tratamento que vai sendo dado ao espaço.
Espaço social (costumes e mentalidades que definem uma época)
- Características do palácio de D. Manuel - família da aristocracia
- Madalena lendo - Sendo mulher, usufrui de educação
- A existência de Telmo, Doroteia, Miranda
- Maria lendo “Menina e Moça” de Bernardim Ribeiro
- D. João servia ao lado de D. Sebastião
- Peste à população com más condições; a Almada não chega a peste devido à falta de comunicação
- Os casamentos não eram feitos por amor - D. Madalena casa com D. João por obrigação
- D. Madalena fica com tudo o que era de D. João - os casamentos eram feitos com base na partilha
- Maria é uma filha ilegítima por ser filha de um segundo casamento
- Más comunicações: um cativo na terra santa não consegue fazer saber-se que está vivo e a família também não o encontra
- O marido funciona, muitas vezes, como pai da esposa, pois esta é muito mais nova que ele.
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Estrutura interna

Tem a ver com o desenrolar da acção e divide-se em:

- Exposição – apresentação das personagens e dos antecedentes da acção.

- Conflito – sucessão gradual dos acontecimentos que fazem avançar a acção através de momentos de tensão, expectativa até ao clímax.

- Desenlace – desfecho, que corresponde à morte das personagens.
Em Frei Luís de Sousa:

- Exposição (Acto I, Cenas I-IV) – Apresentação dos antecedentes da acção, das personagens e das relações existentes entre elas.

- Conflito (Acto I, Cenas V-XII; Acto II; Acto III, Cenas I-IX) – Desenrolar gradual dos acontecimentos, com momentos de tensão e expectativa – desde o conhecimento de que os governadores espanhóis escolheram o palácio de Manuel de Sousa Coutinho para se instalarem até ao reconhecimento do Romeiro – e que despoletaram uma série de peripécias.

- Desenlace (Acto III, Cenas X-XII) – Desfecho motivado pelos acontecimentos anteriores – fim da tragédia familiar em que Maria morre e seus pais vêem-se obrigados a separar-se, morrendo um para o outro bem como para a vida mundana.
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Estrutura externa

Organiza-se em actos subdivididos em cenas

Mudança de espaço = mudança de acto
Entrada/saída de personagens = mudança de cena
Frei Luís de Sousa é dividido em 3 actos:

- Acto I – 12 cenas;

- Acto II – 15 cenas;

- Acto III – 12 cenas.
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